domingo, 1 de julho de 2012

Carris do Eléctrico ligam a lado nenhum



Recuperamos hoje, dia 1 de Julho, uma notícia do Jornal de Notícias de 10 de Abril de 2005. Nesta data o matutino escrevia:

"A retirada dos trilhos do eléctrico no viaduto do Parque da Cidade, no Porto, deixa a rede de Matosinhos amputada. Os carris, colocados ao longo da frente marítima renovada, a pensar numa futura linha de união entre as marginais dos dois concelhos, ligarão... a lado nenhum. Começam e acabam em frente aos areais matosinhenses.
Sem nunca ter sido utilizada, a via perde pertinência. A função, projectada no Plano de Mobilidade da Porto 2001, já não pode ser cumprida com a rede incompleta. No documento, aprovado, em 2000, pela Câmara do Porto, desenharam-se duas linhas com passagem pelo viaduto do parque uma percorria a Avenida da Boavista, rumo a Matosinhos; e outra deixava a Cordoria, descia a Restauração e seguia pela marginal ribeirinha até ao concelho vizinho.
No âmbito do programa Polis, e seguindo o projecto do arquitecto Eduardo Souto Moura, os trilhos foram instalados junto ao Passeio Atlântico em granito. Estendem-se desde a entrada da Avenida da República até ao viaduto do parque, cruzando a Praça da Cidade de S. Salvador com o objectivo de retomar a essência de uma ligação já extinta. Em tempos, os velhos "amarelos" cruzaram a praça em direcção ao centro de Matosinhos, vindos da Boavista e da Foz.
A rede é cortada no viaduto. Os trabalhadores já retiraram os trilhos da faixa mais próxima do Parque da Cidade. A intervenção obteve a autorização da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP), que, apesar do aval, não definiu o que fará com o troço de linha que sobra na frente marítima de Matosinhos.
Fonte da STCP afirmou, ao JN, que a expansão do eléctrico nas marginais do Porto e de Matosinhos encontra-se dependente da evolução do projecto de metro na Avenida da Boavista. Do lado do Porto, os carris tinham continuidade na rotunda do Castelo do Queijo, nas avenidas de Montevideu e do Brasil, na Rua da Senhora da Luz até ao Passeio Alegre.
No entanto, a STCP mantém a intenção de ser reembolsada pelo investimento feito nos carris instalados no viaduto do parque. Será a Câmara ou a Empresa do Metro do Porto a pagar a factura. Os cálculos dos custos não estão feitos (embora, como noticiou o JN, se aponte para 500 mil euros) e espera-se pelas negociações futuras com as entidades competentes.
O ex-administrador da Sociedade Porto 2001 e coordenador da pasta da requalificação urbana, Paulo Sarmento e Cunha, recorda que foi a STCP quem contratualizou e suportou os custos da colocação dos carris, após ter solicitado que o projecto fosse alterado (em termos de reforço da estrutura do viaduto) para poder albergar os eléctricos modernos.
Porém, a proposta de requalificação da frente marítima do Parque da Cidade não se livra de contradições. Por um lado, o relatório do Tribunal de Contas da auditoria à Casa da Música / Porto 2001, datado do ano passado, sustenta que o contrato da empreitada não previa a construção da via do eléctrico. Teria sido introduzida posteriormente, o que Paulo Sarmento e Cunha recusa, argumentando que o projecto só foi executado após estar definido o Plano de Mobilidade (que previa a criação de duas linhas de eléctrico tradicionais naquela zona).
Por outro lado, o ex-presidente da STCP, Oliveira Marques, afirmou, publicamente, em Novembro do ano passado, que alertou o antigo presidente da Câmara, Nuno Cardoso, de que não seria possível colocar qualquer meio de tracção eléctrico a circular no viaduto. Um aviso que o socialista já negou ter sido feito. Também Paulo Sarmento e Cunha acrescenta que, "na altura em que os projectos já estavam a andar, houve uma decisão da STCP de alterar as características da linha para se adaptarem ao eléctrico moderno". Ainda assim, os carris podem ser usados pelos veículos tradicionais."


Passados sete anos, o cenário que nos é apresentado na marginal de Matosinhos e rotunda do Castelo do Queijo permanece igual. A questão que colocamos é a seguinte, tendo em conta o aumento de turistas na cidade do Porto ocorrido nos ultimos anos e também o aumento dos passageiros transportados pelos eléctricos da STCP, não fará todo o sentido recuperar uma das mais emblemáticas linhas de transportes da cidade? 
Deixa-mos aqui a nossa questão, acompanhada das imagens do triste cenário aqui relatado.

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